Edgar ou O Novíssimo Edgar é um dos artistas mais instigantes que apareceu nos últimos anos,  misturando rap, spoken word, dança e performances em suas apresentações. O conheci assistindo a shows da Nomade Orquestra, onde faz intervenções usando fantasias que ele mesmo cria e declamando versos avançadíssimos. Desde então fiquei intrigado com a sua arte performática.

Já tinha falado sobre ele aqui em 2017 com seu último trabalho intitulado “Protetora dos Bêbados e Mal Amados”, sobre um homem que terminava o seu relacionamento para ir curtir o Carnaval e morria no primeiro dia de festa após beber muito e sofrer um acidente caindo na calçada durante os blocos de rua da cidade de São Paulo. Com esse trabalho, apresentou-se no programa “Manos & Minas” da TV Cultura chamando a atenção de Pupillo, baterista da Nação Zumbi e produtor de discos de nomes como Erasmo Carlos, Gal Costa e Céu. Depois de feito o primeiro contato, a dupla começou a trabalhar neste experimento chamado “Ultrassom” que acaba de sair pela Deck Disk.

São dez faixas que englobam uma gama de referências que vão de Kraftwerk à Blade Runner e George Orwell, trilhado por batidas eletrônicas oitentistas, cheias de sintetizadores e muita distorção. Sob essa trilha sonora, Edgar vai do passado ao futuro costurando rimas que exploram temas diversos: política, meio ambiente, religião, tecnologia, relacionamentos e o cotidiano nesse mundo louco atual. Porém, não ache que ele siga o padrão quase clichê do rap mais engajado. Edgar cria um universo sonoro bem particular e lisérgico, quase apocalíptico, mas sempre com a esperança de renovação e renascimento. “Ultrassom” é um disco-performance. Ouvido atento pra essa experiência. Então aperte o play e experimente!

Ouça: Edgar – Ultrassom (Deck, 2018)