Timbres podem ser armadilhas identitárias das mais perigosas para qualquer músico, principalmente aqueles que se dedicam à fatura de ritmos repetitivos. Não raro autores talentosos caem vítimas dessas ciladas e se vêem reféns de um “certo som” que, dentre inúmeros aspirantes ao mesmo panteão de heróis aurais, os distinguiriam dos restantes, mas que acabam por aprisioná-los nas expectativas do público que cativaram através dessa mesma previsibilidade que é inevitável se tornar cansativa.
Moiré é um nome que já nos mostrou uma imensa versatilidade em conjurar alguns dos grooves mais mecanicamente safados desde seus primeiros releases pelo selo holandês Rush Hour, mantendo sua predileção catalográfica por talentos inéditos e inovadores. Agora entrando no time dos favoritos de Actress no seu rapidamente consolidado Werkdiscs, o resultado repousa bem num ponto médio entre a ousadia que com que já podemos contar do selo e um desenvolvimento inegável do artista.
Transitando livremente entre formalidades do House e do Techno e exibindo uma economia timbral modesta, Moiré consegue criar um álbum tão uniforme quanto surpreendente, lançando mão de um léxico enxuto de sons e, mesmo assim, oferecendo um rico universo de faixas, deliciosamente apreciáveis tanto na pista como fora dela.
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Timbres can be dangerous identity traps for any musician, especially the ones who work with repetitive rhythms. Not unusual to see talented folks as victims of these ambushes. They suddenly become hostages of a certain kind of sound that made them famous and distinguished between many aspirants of aural heroes, but also trapped them in their public’s expectations. And we know that overusing the same formula can be unavoidably tiresome and predictable.
Moiré it’s a musician that has already shown us an enormous versatility to conjure lots of grooves since his first releases by dutch label Rush Hour, keeping his predilection for inedited and innovative talents. Now part of Actress‘s hall of fame in her rapidly consolidated Werkdiscs, the result lies between the boldness of the label with the undeniable development of the artist.
Travelling freely among House and Techno formalities and exhibiting a modest timbral strategy, Moiré manages to create an album that is so uniform as it is surprising. He makes use of a lean lexicon of sounds and, even then, offers a rich universe of tracks, deliciously enjoyable in or outside the dancefloor.
Tracklist:
01. Attitude
02. Dali House (feat. Bones)
03. Elite
04. Hands On
05. Infinity Shadow
06. No Gravity
07. Stars
08. Rings (feat. Charlie Tappin)
09. Mr Figure
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